Como buscar originalidade no Halloween

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O Dia 31 de Outubro se aproxima, e já começamos a ver crianças indo para a escola fantasiados de bruxas, zumbis ou vampiros. As lojas nos centros de compra começam a se entupir com adolescentes e jovens adultos experimentando máscaras, capas e chapéus. As preparações para a tão esperada festa de Halloween já estão em andamento…

Este me parece o momento mais oportuno para se escrever algo sobre esta festividade. Porém, como deixar de ser óbvio e não despejar um longo relato sobre as origens históricas deste dia e sobre suas tradições atuais? As fantasias – que vão desde monstrengos irreconhecíveis cobertos em sangue até bruxas sexys desfilando em salto alto – e a farta distribuição de doces, balas e guloseimas já são conhecidos por todos. As origens celtas e pagãs da festividade, que celebrava os mortos e que já acontecia bem antes do nascimento de Cristo, não são mais desconhecidas pelo povo Ocidental.

Como então burlar a obviedade e escrever algo original sobre o Halloween? Talvez detalhes curiosos sobre a história e algumas observações bem pessoais possam trazer um pouco de originalidade a este post.

Ao se ler sobre as origens do Halloween, o primeiro detalhe que salta aos olhos de um curioso é justamente o dia em que a festa é realizada: 31 de outubro. No Hemisfério Norte, esta é uma data que marca o início de um período frio. Os dias quentes certamente vão embora e a severidade do inverno traz consigo a dificuldade de sobrevivência e, como consequência mais amarga, a morte. Me parece bastante natural que povos antigos tenham dedicado o dia 31 de outubro para se pensar nos mortos e nos espíritos ruins. Se houver algum espírito do mal capaz de causar sofrimento, talvez seja mesmo melhor agradá-lo para que ele seja menos implacável em épocas de carência. Treats or Tricks!

Outro detalhe interessante sobre o Halloween é a forma como as tradições antigas foram sendo moldadas ao longo do tempo, a medida em que povos com diferentes culturas se fundiam. O domínio romano sobre os celtas, a ascensão do Cristianismo na Europa do Norte e, já mais recentemente, a vitória do modelo capitalista no Ocidente transformaram o Halloween no que se vê hoje. Os romanos parecem ter contribuído com dois dias festivos de outubro: o Dia da Passagem dos Mortos e o dia em honra à deusa Pomona – a deusa da abundância e dos pomares. Os cristãos estabeleceram o dia de Finados (1º de novembro) e o dia de Todos os Santos (2 de novembro) possivelmente como uma reação ao paganismo das culturas ‘menos desenvolvidas’. Finalmente, o capitalismo expandiu-se e comercializou isto tudo, centrando a festa nas crianças e nos adolescentes. Na minha infância, o Halloween era inexistente!

Evidentemente que a presente globalização faz com que culturas se fundam cada vez mais e que novas tradições sejam criadas de acordo com a peculiaridade de cada lugar. Mas, mesmo assim, certas coisas me causam estranheza ou, quando muito, me põe a pensar. Eu entendo que um Papai Noel usando shorts e vestindo uma camiseta estampada – o que seria razoável em um país tropical – não está muito de acordo com a estética Natalina. Assim como não temos em nossa cultura local um personagem que possa rivalizar o bom velhinho. Entretanto, a galeria de ‘monstrengos’ de nosso folclore é bastante rica para uma celebração como a do Halloween. Por que exatamente importamos bruxas, zumbis e seres fantasmagóricos para motivo de nossas fantasias?

Bom, o que escrevo talvez não seja original. No entanto, se de alguma forma você pensar em uma fantasia de Saci-Pererê, Cuca, Mula-sem-Cabeça, Iara, Caipora ou Curupira para a próxima festa de Halloween, você terá sua originalidade garantida sem sair muito do espírito da festa.

Mário Hamilton Galinatti

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