A Felicidade em tempos de pandemia

 

 

Durante mais de noventa dias, compartilhamos a mesma realidade de isolamento social. Alguns já voltaram ao trabalho, outros ainda trabalham remotamente. Crianças em casa interrompem o trabalho dos pais, e famílias dividem o mesmo computador para trabalho e atividades escolares. Entre uma dose de estresse e outra, perguntamo-nos: Quando tudo vai voltar ao normal? Quão grave será a crise? Como vai ser o mundo pós-coronavírus?

Tal cenário de incertezas e ansiedade generalizada faz com que duvidemos da possibilidade de ser feliz em tempos de pandemia. A Professora Laurie Santos, no entanto, tem vários motivos para discordar. Formada em ciência cognitiva, ela estuda a felicidade há 30 anos e leciona psicologia na Universidade de Yale. Uma versão online de seu curso “The Science of Well-Being” (A Ciência do Bem-Estar, em tradução livre) foi disponibilizada para acesso gratuito em março deste ano, no início do isolamento social, e rapidamente tornou-se um dos cursos mais populares da universidade.

Em seu curso, Laurie esclarece um de nossos erros mais comuns: associar a felicidade a um marco específico, seja ele um aumento de salário ou notas na escola. Elegemos pessoas bonitas e ricas como símbolos de realização pessoal, sem perceber que a felicidade não está na riqueza ou na beleza. Estudos de psicologia positiva descobriram e vêm provando ao longo da última década que a felicidade está relacionada a manter conexões sociais e cultivar uma mentalidade positiva.

Mas, se basta estabelecer conexões sociais mais significativas e ser mais positivo, por que ser feliz ainda parece uma realidade tão distante? É que a felicidade não é um objeto à nossa disposição; é um caminho a ser trilhado. Apenas uma personalidade presente, de atenção plena, é capaz de saborear suas experiências de vida, estabelecer conexões humanas significativas e, portanto, declarar-se feliz. A prática de mindfulness, por exemplo, desenvolve essa capacidade de nos sentirmos presentes.

Dessa forma, da próxima vez que estiver com os filhos, o cônjuge, os amigos, dê-lhes atenção plena, reforce suas conexões sociais. Quando estiver no trabalho, mesmo que remoto, encare-o com positividade e não se irrite se as crianças o interromperem — são crianças, o que mais fariam senão buscar sua atenção? Sempre que for possível, faça uma atividade em família e esforce-se para viver com plena consciência cada minuto. Você sentirá a diferença, e quem o acompanha também.

A felicidade não pode ser simplesmente encontrada. Conquista-a quem estabelece hábitos como a positividade, o cultivo de relações sociais e a atenção plena. Dedique-se, ouse ser feliz, e não se deixe frustrar se falhar nas primeiras tentativas, pois o resultado final é mais importante. Lembre-se, a felicidade não vem de fora, ela é criada desde dentro.