QUAL O PERFIL DO PROFISSIONAL DO FUTURO?

 

 

 

 

Entre todas as previsões de mercado, muito tem se falado sobre o profissional do futuro. É de olho nesse perfil profissional que a Google contrata 4 mil pessoas por ano dentre os mais de 2,5 milhões de currículos que recebe. O responsável por coordenar esse processo seletivo por anos foi Laszlo Bock, vice-presidente de Recursos Humanos da empresa até 2016. Em entrevista ao the Economist, Laszlo ofereceu alguns insights sobre como será o candidato perfeito para o futuro e fala sobre a importância de empresas e candidatos estarem preparados para essa nova realidade.

A constante expansão do mercado exige cada vez mais o domínio de áreas diferentes do conhecimento. Por isso, Laszlo prefere contratar candidatos curiosos e dispostos a aprender do que contratar especialistas. Segundo ele: “alguém que tem feito a mesma coisa há anos tipicamente apenas replicará o que já fez anteriormente; enquanto alguém disposto a aprender está mais inclinado a encontrar soluções que o mundo não tenha visto ainda”.

O mercado do futuro favorecerá candidatos que saibam persistir em meio à dificuldade no estudo ou no trabalho. Laszlo recorda um conselho que deu a um jovem universitário. Era melhor que o jovem terminasse o semestre com B, mas cursasse duas graduações, a tirar A+ em apenas uma. A persistência vale mais para o mercado do que a excelência em certificações.

Um candidato persistente é alguém que consegue encarar projetos difíceis. Atualmente, o processo seletivo da Google inclui perguntas sobre a experiência concreta do candidato. Ao fazer esse questionamento, o avaliador tem ideia de como ele reage a uma situação do mundo real, além de obter um senso de quais experiências profissionais o candidato considera difícil.

O mercado do futuro não estará preocupado com conquistas pontuais; em vez disso, quer saber quanto um candidato consegue atingir em comparação com seus pares. Laszlo até mesmo sugere uma fórmula simples para escrever currículos de sucesso. A maioria dos candidatos escreve “eu fiz X no ano Y”, enquanto seria muito mais interessante escrever: “Eu conquistei X, em comparação a Y, ao fazer Z”.

Dentre todas as qualidades que esse profissional deverá ter, a principal para Laszlo é sua capacidade de liderança. “Não nos importamos se o candidato é presidente de um clube ou exerce outro papel de liderança”, Laszlo afirma sobre o processo seletivo da Google. “O importante é que, quando confrontado com um problema, enquanto membro da equipe, o candidato assuma a liderança no tempo apropriado. (…) é (importante) reconhecer o momento de recuar e passar o papel de líder para outra pessoa, em vez de deter o poder para si indefinidamente”.

O candidato ideal para a nova década é um profissional resiliente, que não desiste de aprender e tem um senso de propriedade sobre seus projetos. Saber trabalhar em equipe e desenvolver um profundo discernimento entre quando tomar a liderança de um projeto e quando recuar para que outro lidere são os primeiros passos para se tornar um profissional do futuro.